data-filename="retriever" style="width: 100%;">Ao longo dos anos em que me conheço por gente, com raras exceções, os servidores públicos - municipais, estaduais e federais - têm sido os bodes expiatórios das crises financeiras e previdenciárias dos municípios, dos estados e do Brasil. É comum a categoria ouvir: "Ganham muito e trabalham pouco", "são privilegiados", "bando de vagabundos". E por aí vai. As críticas vêm de todas as classes sociais, e até dos menos favorecidos economicamente. Mal sabem eles que, sem a saúde, a educação e a segurança públicas, estariam em situação ainda pior, para não dizer abandonados totalmente.
O estado mínimo só favorece aos abastados, pertencentes a uma elite econômica, conservadora, retrógrada e que "mama" na esfera e nos órgãos públicos quando suas aventuras empreendedoras não dão o resultado esperado. Não são os "novos velhos" que vão distribuir renda e reduzir a desigualdade neste país. Aliás, as novidades e mitos falsos respiram ódio, entregam o patrimônio público a preço de banana, exterminam sonhos, cortam investimentos em educação e saúde, cerceiam a livre expressão e a cultura, e caçam e matam pobres, negros e LGBTs nos bairros, vilas e favelas. A ampla maioria deles vai atrás do seu voto na eleição de 2020, com promessas mirabolantes, beijos e abraços. Todos falsos.
Para quem não sabe, e, lamentavelmente, são muitos, os servidores públicos descontam imposto de renda e previdência já no contracheque mensal. Lá, já vem tudo apontado e descontado, centavo por centavo. E tem governador que fala em reforma administrativa, que detona plano de carreira de categorias, corta triênios, quinquênios e avanços, elimina incorporação de gratificações, aumenta a contribuição para a aposentadoria, e reduz proventos conforme a reforma da previdência nacional, entre outros pontos nefastos ao funcionalismo.
Enquanto isso, as isenções fiscais, concedidas à iniciativa privada, seguem livres. Só em 2018, foram R$ 9,7 bilhões que o Estado deixou de arrecadar. Mas cortar na carne dos servidores é mais fácil. Se governar é fazer escolhas, o corte de investimentos em áreas públicas está equivocado. Afinal, penaliza a qualidade dos serviços e, principalmente, a população mais necessitada.
Portanto, as crises financeiras e previdenciárias, nem de perto, foram causadas pelos servidores públicos. E no caso do funcionalismo gaúcho, há quase cinco anos, os salários já são pagos com atraso e de forma parcelada.
A reforma trabalhista prometia mais empregos, o que não aconteceu até agora. Conforme o G1, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,8 % no trimestre encerrado em agosto. O número de desempregados atingiu 12,6 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o avanço da informalidade atingiu nível recorde - 41,4% da população ocupada. Em números, são 38,8 milhões de brasileiros informais.
Sobre a reforma da previdência, a coordenadora nacional da associação sem fins lucrativos Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fattorelli, destaca que "o falacioso déficit apresentado pelo governo é encontrado quando se compara apenas a arrecadação da contribuição ao INSS paga por empregados e empregadores com a totalidade dos gastos com a Previdência. Todas as demais contribuições que compõem o orçamento da Seguridade Social são ignoradas. Conforme ela, é feito um desmembramento que não tem amparo na Constituição e sequer possui lógica defensável, pois são os trabalhadores os maiores contribuintes da Cofins. "Essa conta distorcida, que compara somente a contribuição ao INSS com os gastos da Previdência, produz a farsa do 'déficit' que não existe", enfatiza Maria Lúcia. Novamente, os servidores públicos e os demais trabalhadores vão pagar a conta.
O jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano já dizia: "O que são as pessoas de carne e osso? Para os mais notórios economistas, números. Para os mais poderosos banqueiros, devedores. Para os mais influentes tecnocratas, incômodos. E para os mais exitosos políticos, votos." Já passou da hora de o povo mudar isso tudo.